No mês dedicado às mulheres, o Conselho Regional de Farmácia de Alagoas realizará uma série de reportagens especiais para contar a trajetória de mulheres farmacêuticas que se destacam na profissão. Essas histórias inspiradoras celebram o talento, a dedicação e a contribuição destas profissionais para o avanço da área farmacêutica.
A nossa primeira entrevistada foi a farmacêutica Graça Leopardi – CRF/AL nº089. Pioneira em Alagoas, ela chegou recém-graduada pela Universidade Federal da Bahia, com especializações em Farmácia Hospitalar para Controle de Infecção (UFRN) e em Farmácia Clínica (UCHILE) e mesmo com tantos títulos foi necessário superar os desafios de um cenário que iam além das questões técnicas.
“Cheguei a Maceió acompanhando meu marido, que iniciava sua carreira na Universidade Federal de Alagoas, e, mesmo em um ambiente onde as oportunidades eram ofertadas por indicação, precisei construir meu espaço do zero. Adotei desde o início uma postura proativa. Em um mercado no qual não havia farmacêuticos presencialmente nas farmácias, apresentei-me diretamente às equipes e ofereci meus serviços”, pontou.
Apresentando uma nova perspectiva de trabalho no mercado alagoano, foi a sua determinação que fez com que ela fosse contratada para coordenar o laboratório de manipulação da Farmácia Minerva, na Rua do Comércio. Além do trabalho nas farmácias, Graça buscou oportunidades na academia e na pesquisa, atuando na UFAL e integrando projetos inovadores – como o estudo da ação anti-inflamatória do sambacaitá, uma planta nativa com potencial relevante.
“Na UFAL tive a oportunidade de conhecer o cirurgião Luis Romero, que me fez o convite para atuar na Comissão de Farmácia Hospitalar do novo Hospital do Sesi. Essa experiência, somada à aprovação em um curso pioneiro do Ministério da Saúde no Hospital Onofre Lopes, expandiu minha visão sobre as possibilidades de atuação do farmacêutico”, falou.
Em 1987, ela obteve o título de especialista em Farmácia Hospitalar, e foi então que ela passou a integrar a comissão de farmácia da Santa Casa de Maceió. À época, Graça implantou serviços que modernizaram a farmácia hospitalar, mas, percebeu que em diversas ocasiões, sentiu dificuldade em ser ouvida. “Acredito que, em parte, isso se deu por conta da minha condição feminina. Em posições semelhantes, profissionais do sexo masculino eram ouvidos com maior prontidão, o que evidenciava um desafio adicional a ser superado”, comentou.
Ao longo da sua vida profissional, a farmacêutica se dedicou aos movimentos relacionados a saúde e a farmácia, como por exemplo, sendo sócia fundadora da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar – SBRAFH, onde foi possível construir diretrizes para os farmacêuticos hospitalares dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Na UFAL, ela foi a professora responsável pela aula inaugural do primeiro ano do curso de farmácia e desde 2010 ela faz parte do programa de Residências em Saúde do Adulto e do Idoso, como professora da disciplina Processos e Prática de Farmácia Clínica para residentes farmacêuticos e também da disciplina Seminários Integradores.
E com mais de 40 anos de atuação, ela deixa um recado não apenas para as mulheres, mas para os profissionais farmacêuticos. “Minha trajetória reflete o compromisso com a inovação e a evolução dos serviços farmacêuticos. Este legado não apenas registra minhas conquistas, mas também serve de incentivo para que futuras gerações, independentemente do gênero, continuem a transformar e modernizar a prática farmacêutica com competência e determinação”.
Fonte: Ascom CRF/AL