A relação entre a densidade de neurônios e a quantidade diária de horas de sono pode ajudar a explicar como os mamíferos ganharam cérebros maiores, aponta um estudo da neurocientista brasileira Suzana Herculano-Houzel.
Tudo indica que o papel mais importante do sono é fazer uma faxina cerebral, recolhendo moléculas potencialmente nocivas. Ocorre que, quando um mamífero está acordado, o fluido que é responsável por carregar o “lixo” dos neurônios para longe deles só consegue alcançar uma área relativamente pequena do cérebro.
Isso acontece, grosso modo, porque os neurônios do cérebro estão “inchados”. Quando o sono vem, é como se o tecido cerebral relaxasse, de maneira que ele é banhado pelo fluido de forma mais homogênea, facilitando a faxina.
Pois bem: ao analisar 24 mamíferos, Suzana verificou que, em geral, bichos maiores e de cérebro mais avantajado eram os que dormiam menos.
O detalhe crucial é que, nos grandalhões, o tamanho da superfície do cérebro era relativamente menor em relação ao córtex cerebral como um todo. Além disso, os neurônios tendiam a ser maiores também.
Com neurônios maiores, menos células desse tipo podem ser empacotadas no mesmo espaço do cérebro, o que leva a uma circulação mais eficiente de fluido –realizando uma faxina mais eficiente à noite, com menos horas de sono. O estudo está na “Proceedings of the Royal Society B”.
Fonte: Folha de S.Paulo