A fosfoetanolamina sintética, também conhecida como “pílula do câncer”, começará a ser testada em seres humanos pela primeira vez a partir de segunda-feira, em São Paulo.
Na primeira fase da pesquisa, dez pacientes com câncer serão avaliados. Se não forem detectados efeitos colaterais graves, mais 200 pessoas serão igualmente distribuídas entre dez grupos de tipos diferentes de tumor. Serão, então, 21 participantes por grupo, que devem começar tomando três comprimidos ao dia. A equipe envolvida nos testes acredita que em seis meses poderá atestar a eficácia da pílula.
Os pacientes escolhidos serão convocados até hoje e já estavam cadastrados para fazer tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). Não participarão pessoas em fase terminal da doença nem em tratamento com quimioterapia, para que o sistema imunológico esteja intacto.
Ao lado do secretário estadual de Saúde, David Uip, e do vice-presidente do Instituto do Câncer, Paulo Hoff, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou o início dos testes e afirmou que espera, com o início das pesquisas, uma redução no número de liminares e mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça para distribuir o composto a pacientes.
Conforme O GLOBO antecipou na edição de ontem, o governo de São Paulo já recebeu cerca de 800 mandados judiciais determinando a distribuição da substância a pacientes com câncer.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações vem financiando estudos sobre a fosfoetanolamina na Universidade Federal do Ceará. Os últimos resultados da pesquisa demonstraram que a substância não foi capaz de reduzir tumores em roedores criados em laboratório. Mas testes em humanos ainda não foram realizados.
— Acreditamos que no momento que, se tem mais de 20 mil pessoas que fizeram uso do produto e um grande interesse popular, é uma obrigação que nós resolvamos de uma vez por todas a questão sobre se o produto realmente é eficiente no tratamento do câncer ou não — observou Hoff.
Em dois meses já se terá uma avaliação do resultado. Se de cada 21 pacientes três apresentarem resultado positivo, haverá mais 800 pacientes na segunda fase, ou seja, mais 80 em cada grupo, até que o número chegue a mil. Foram investidos R$ 580 mil na compra das pílulas para os testes.
— Estamos com bastante esperança que isso possa trazer avanços no tratamento das neoplasias — afirmou Alckmin.
Em caso de efeitos colaterais, o teste será reiniciado, diz Hoff. — Se for determinada toxicidade grave, o estudo terá que ser encerrado e voltar um passo atrás para achar a dose de segurança — explicou.
Fonte: O Globo