Uma investigação conduzida pela revista científica “BMJ” revelou que os fabricantes do Pradaxa, um dos remédios anticoagulantes mais vendidos do mundo, esconderam das autoridades reguladoras informações sobre a importância do monitoramento dos níveis de sangue.
Esse controle poderia reduzir o risco de grandes sangramentos em pacientes que utilizam o medicamento.
Documentos da Boehringer Ingelheim, fabricante do Pradaxa, mostram que grandes sangramentos poderiam ser reduzidos entre 30% e 40% em comparação com a droga Varfarina (o anticoagulante mais tradicional) com o controle da concentração do nível do remédio no sangue.
O Pradaxa foi aprovado em 2008 no Brasil e 2010 nos EUA e integra uma nova geração de anticoagulantes orais que previnem derrames em pacientes com ritmo irregular do coração. Essa condição aumenta o risco de derrames.
A droga previne a coagulação do sangue e é considerada uma alternativa melhor à Varfarina justamente porque os pacientes não precisariam fazer testes regulares para saber se estão com a quantidade certa do remédio no sangue. Para essas pessoas, o sangue precisa estar fino o suficiente para impedir um derrame, mas não tão fino a ponto de causar um sangramento.
A Boehringer, entretanto, afirma que a atividade anticoagulante ou as concentrações do remédio no plasma sanguíneo não precisam ser monitoradas. Em reposta ao “BMJ”, um porta-voz da empresa disse que “nossos cientistas determinaram, e a FDA [agência que regula drogas e alimentos nos EUA] concordou, que pesquisas não apoiam uma tomada de decisões sobre dosagem baseada na concentração de plasma”.
A companhia acrescenta que as informações não foram compartilhadas porque os estudos feitos não forneceram uma previsão confiável de resultados para os pacientes.
Uma análise que acompanha o artigo pede que as agências reguladoras indiquem testes de sangue para todos os novos pacientes e que retirem a recomendação de que o Pradaxa “não requer monitorização de rotina da anticoagulação”.
Fonte: Folha de São Paulo