Um estudo do grupo Coalizão Covid-19 Brasil, publicado nesta quinta (23), mostrou que o uso de hidroxicloroquina, associada ou não à azitromicina, não trouxe nenhum benefício ao tratamento de pacientes com quadros leves a moderados de Covid-19.
Segundo o estudo, os medicamentos não só não ajudaram na melhoria do estado de saúde dos participantes como provocaram efeitos adversos, cardíacos e hepáticos. Aproximadamente 55 dos melhores hospitais públicos e privados do país, como o Hospital Israelita Albert Einstein, o HCor e o Hospital Sírio-Libanês, participaram do estudo, que foi publicado no prestigiado periódico científico “New England Journal of Medicine”.
Foram acompanhados 667 pacientes de hospitais em diferentes regiões do início da pandemia no país, em março, a junho. Apenas pacientes com casos leves e moderados admitidos há menos de 48 horas nos hospitais, e ainda dentro dos primeiros sete dias de apresentação de sintomas foram levados em consideração.
O estudo separou os pacientes em três grupos de estudo. O primeiro, com 217 pacientes, recebeu uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina, além do suporte clínico padrão para casos de síndromes respiratórias. Outras 227 pessoas foram submetidas a hidroxicloroquina e ao suporte clínico padrão. Enquanto isso, o chamado grupo de controle teve 227 pacientes, que receberam apenas o suporte clínico padrão.
A análise foi feita por 15 dias depois do início do tratamento e o quadro clínico dos três grupos era bem similar ao fim do período. 69% dos pacientes que usaram hidroxicloroquina e azitromicina estavam em casa sem limitações após 15 dias. O mesmo quadro foi apresentado por 64% dos que usaram apenas hidroxicloroquina e 68% dos pacientes que receberam apenas suporte clínico padrão.
Os membros do Comitê Científico da Coalizão Covid Brasil afirmaram que não constataram nenhum efeito benéfico dos medicamentos e que eles provocaram efeitos adversos em alguns pacientes.
“Percebemos alterações ecocardiográficas que predispõem a riscos de arritmias cardíacas e alterações em exames que indicariam lesões hepáticas”, disse Regis Goulart Rosa, membro do Comitê Científico da Coalizão Covid Brasil e médico intensivista do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS).
Fonte: Yahoo Notícias