Durante a sessão Plenária do Conselho Federal de Farmácia (CFF), realizada nos dias 29 e 30 de outubro, o conselheiro federal pelo Mato Grosso, José Ricardo Amadio, solicitou à Comissão Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF), informações sobre o desempenho geral dos cursos de graduação em Farmácia, no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade/2019). Os resultados foram divulgados no final de outubro, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira (Inep). Participaram do exame, 16.627 estudantes de 431 cursos de Farmácia, todos na modalidade presencial.
O Enade qualifica os cursos pelo desempenho dos estudantes com menções que vão de 1 (pior situação) a 5 (melhor situação). Dos 431 cursos avaliados, 34,1% foram considerados ótimos (5) e muito bons (4); 41,3%, foram considerados medianos; e 24% ruins (2) e muito ruim (1). E dentre 28 cursos de Farmácia avaliados com nota máxima no Enade, o destaque ficou para as instituições públicas de ensino, com 22 cursos avaliados com a nota máxima (5).
Em participação online na Plenária – em função das restrições de acesso durante a pandemia -, a professora Zilamar Costa Fernandes, responsável pela CAEF, destacou que dos 28 cursos que obtiveram o conceito ótimo (5), seis cursos são ofertados por instituições privadas de ensino, sendo cinco cursos de instituições privadas sem fins lucrativos e um de instituição com fins lucrativos.
As seis instituições privadas que se destacaram com a nota máxima foram a Universidade Católica do Paraná (PucPR), a Universidade Católica de Santos (Unisantos), a Universidade de Fortaleza (Unifor), a Universidade de Vila Velha (UVV), o Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc), e a Faculdade Pitágoras de Ipatinga (FPI).
A CAEF também analisou o desempenho dos estudantes por estado. Os estados que apresentaram maior número de cursos com melhor desempenho foram Minas Gerais, com 18 cursos avaliados com nota 4 e cinco cursos nota 5; Paraná, com dez cursos com conceito 4 e quatro cursos com nota 5; São Paulo, com 32 cursos de conceito 4 e um curso de nota 5; e o Rio Grande do Sul, com 13 cursos avaliados com a nota 4 e um com menção 5.
Ainda sobre a natureza jurídica dos cursos, a CAEF verificou que os cursos da área privada, oferecidos por instituições com fins lucrativos, tiveram os maiores índices de conceitos ruins, 1 e 2. Destas, 62 obtiveram conceito ruim (2) e nove obtiveram conceito muito ruim (1). Já dentre as privadas sem fins lucrativos, 29 obtiveram conceito ruim (2) e duas, conceito muito ruim (1).
Mas, a professora Zilamar explicou que além da nota 5, que reflete excelência no ensino, a menção 4 é um conceito muito bom, e 119 cursos de Farmácia obtiveram essa nota. “A nossa preocupação se volta para a menção 3 em diante, pois essa é a média limite para a manutenção do curso no sistema Federal de ensino, e 178 cursos figuraram nesse nível no exame nacional”.
Ricardo Amadio, que também é professor universitário, disse que lhe chamou atenção a quantidade de cursos avaliados como ruins, ou seja, com menções 2 e 1, principalmente entre as instituições privadas. Ao todo, foram 93 cursos com conceitos ruins (2) e 11 cursos com conceito muito ruim (1). “As faculdades particulares representam cerca de 80% da formação dos farmacêuticos que estão entrando no mercado de trabalho. A minha maior preocupação é com aquelas que não obtiveram uma nota regular, pois tenho observado em meu Estado que o Ministério da Educação (MEC) faz diligências, mas não está dando uma resposta rápida e exemplar para punir a má qualidade do ensino, visto que a menção do Enade influencia no conceito preliminar de curso (CPC), e pode levar ao descredenciamento dos cursos que não obtêm média satisfatória”.
Cursos de Farmácia com conceito muito ruim (1)
Centro Universitário Montes Belos (UniMB)
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ)
Faculdade de Almenara (Alfa)
Faculdade de Imperatriz Wyden (Facimp)
Faculdade de Quatro Marcos (FQM)
Faculdade de Taquaritinga (FTGA)
Faculdade do Norte Goiano (FNG)
Faculdade Integrada Carajás (FIC)
Faculdade Piaget
Faculdade Presidente Antônio Carlos de Aimorés (UNIPAC Aimorés)
Universidade Paranaense (Unipar)
Fonte: Comunicação do CFF