A maneira como uma pessoa se desloca dentro de um labirinto virtual pode dar importantes pistas e, inclusive, prever as chances de uma pessoa vir a desenvolver a doença de Alzheimer em futuro próximo.
Essa foi a conclusão de um estudo publicado na Revista Science. (1)
Nele se descobriu que as pessoas em situação de risco para o aparecimento da doença apresentam uma menor atividade nas células de navegação do cérebro – também conhecidas como “células de grade'' (ou, no inglês, grid cells) – um tipo de bússola biológica.
Cientistas, anteriormente, batizaram de “células de grade”, o que fornece a localização geográfica a ratos, morcegos e macacos, mas recentemente também se comprovou sua existência em humanos.
Desta forma, tal sistema é ativado, tomando por base a forma como os indivíduos se movem, informando-os seu posicionamento e localização em um plano imaginário de coordenadas.
Por exemplo, feche os olhos e ande cinco passos para frente e depois vire à direita, dando mais 3 passos – aqui estarão as células de grade entrando em funcionamento e rastreando sua posição.
O experimento com a realidade virtual junto aos participantes envolveu a apresentação de um cenário onde havia um céu azul, algumas montanhas a distância e, finalmente, objetos comuns de nosso cotidiano espalhados pelo chão. Os participantes então foram orientados a coletar os objetos virtuais e, posteriormente, devolvê-los ao mesmo lugar através da utilização de um joystick. A equipe monitorou a atividade cerebral de cada participante através de ressonância magnética funcional.
O monitoramento permitiu que os cientistas observassem as atividades de células de grade em uma região cerebral chamada de córtex entorrinal – uma das primeiras regiões atingidas em pacientes que sofrem do Mal de Alzheimer e, supostamente, razão pela qual esses pacientes estão mais propensos a se perder – ao apresentar comprometimentos na noção de espaço e perda de memória.
Os pacientes com pior performance na tarefa virtual foram aqueles que estão em situação de vulnerabilidade para o desenvolvimento futuro de Alzheimer, segundo entenderam os pesquisadores.
Embora seja pouco provável que apenas “testes de navegação” virtuais sejam utilizados como um diagnóstico precoce da doença de Alzheimer, a informação contida no experimento pode ser um passo adiante em direção a terapias preventivas.
É a tecnologia colaborando diretamente no cuidado e na prevenção em saúde mental.
Fonte: Uol Saúde