O ENCONTRO: FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE, realizado em Brasília (DF), foi marcado pelo debate sobre a formação a distância. A assessora da presidência do CFF, Zilamar Fernandes, durante a sua apresentação lembrou que está claro para todos os conselhos profissionais da Saúde que a formação na graduação na área exige o contato do aluno com a prática profissional. “E, especificamente no caso da Farmácia, essa necessidade torna-se ainda mais necessária, pois a nossa profissão segue o caminho do cuidado ao paciente, ou seja, a prática clínica”, disse.
Com dados do Sistema E-MEC, Zilamar Fernandes informou que já somavam, em maio de 2019, mais 1.083.504 vagas de EaD autorizadas em 11 das 14 profissões da saúde, distribuídas por 351 sedes e 19.651 polos não supervisionados. Das vagas abertas, 76.090 são para o curso de Farmácia. “Há polos de curso de Farmácia em shoppings e centros comerciais, sem qualquer condição de aula em laboratório, por exemplo, e inclusive, 3 polos registrados no Japão”, completa.
As Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação da Área da Saúde exigem Integração ensino-serviço com estágios ao longo do curso; um modelo por competências e que sejam desenvolvidas habilidades em laboratórios didáticos especializados. “Fizemos um levantamento dos cursos de Farmácia na modalidade EaD e constatamos que eles oferecem uma educação baseada somente na web, uma formação solitária, com simples repositório de conteúdo replicados e por vezes repetidos, sem diferenciação entre os polos e com média de encontros presenciais de 4 por semestre. Mesmo assim muitas instituições “vendem” os cursos como semipresencial, curso flex, curso híbrido, SEI, SEPI, todos são apenas apelidos, e não existem na legislação educacional”, informou a assessora.
Dorisdaia Humerez, representante do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) lembrou que lembrou que “os profissionais da saúde formados na modalidade EaD são vítimas desse processo”, pois estarão no mercado sem o devido preparo, vulneráveis e expostos a erros e consequentes punições.
Com o argumento da proteção à saúde da população e do profissional, e na sua responsabilidade social, alguns conselhos, entre eles o CFF, decidiram não inscrever egressos de EaD. “É uma atitude extrema, mas necessária. E em breve, teremos legislação para o tema”, comentou Zilamar Fernandes.
Todos os representantes dos Conselhos Profissionais presentes no Encontro assumiram a responsabilidade de combater, por meio de estratégias políticas, legais e de comunicação, o ensino na modalidade a distância para a graduação na área da Saúde.
Com a justificativa da flexibilização e democratização do ensino, o mercado está banalizando a graduação em saúde e consequentemente banalizando os serviços que serão prestados à sociedade. “A saúde e o bem-estar da população estão em segundo plano, por isso precisamos agir de forma rápida e eficiente para proteger a população e proteger nossos profissionais”, comentou Ivone Martini, coordenadora do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde (FCFAS), organizador do Encontro.
O evento contou com a participação de representantes de todos os integrantes do FCFAs: Farmácia, Enfermagem, Odontologia, Medicina, Medicina Veterinária, Psicologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Serviço Social, Técnicos em Radiologia, Biologia, Biomedicina, Educação Física, Fonoaudiologia e Nutrição.
PONTOS DE PAUTA – além da graduação na modalidade a distância, também foram debatidos e tiveram ações conjuntas encaminhadas, os seguintes temas: a qualidade no processo de avaliação dos cursos e o convênio com a SERES/MEC; e as residências na área da saúde.
O ENCONTRO: FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA ÁREA DA SAÚDE foi realizado nos dias 18 e 19 de setembro, na sede do Conselho Federal de Psicologia, em Brasília (DF) e foi organizado pela Comissão de Educação do FCFAS.
Fonte: CFF